Irmãos, na última vez que ministrei a palavra, brinquei com os irmãos. Eu tinha feito algo razoavelmente inédito: trouxe um sermão escrito. Comentei que em 1997 preguei meu primeiro sermão, escrito na tarde da bênção da União Feminina, lá na Igreja Evangélica de Anápolis. Depois disso, nunca mais fui convidado.
Mas também nunca mais escrevi um sermão. Na última vez que ministrei, em agosto, resolvi escrever novamente e, parece, me senti confortável. Hoje, escrevi outro sermão, com um título um tanto quanto diferente: "Botânica Divina".
Quero tentar compartilhar com vocês o que, de alguma forma, o Senhor falou comigo enquanto me fez caminhar por esses elementos. Essa caminhada trouxe consolo ao meu coração, e espero que possamos vivenciá-la juntos.
Vou fazer uma introdução que deve durar quase metade da palavra. Depois disso, leremos quatro textos, de quatro livros diferentes, nessa ordem: Jó, Jeremias, Eclesiastes e Oséias. Sei que pode parecer uma escolha ousada por serem livros densos e sombrios, mas veremos o que acontecerá no final.
Nesses quatro livros, encontraremos semelhanças na vida e no ministério desses homens de Deus: Jó, Jeremias, Oséias e Salomão (provável autor de Eclesiastes). De alguma forma, cada um deles encontrou elementos da "botânica divina" que trouxeram consolo e direção para suas vidas.
A Bíblia é cheia de simbolismos que têm objetivos bem claros. Deus inspirou os escritores bíblicos a usarem elementos da natureza, como fauna, flora e estações, para comunicar verdades espirituais. Isso fazia muito sentido porque as comunidades daquela época eram essencialmente rurais, onde esses elementos tinham um grande significado. Jesus também utilizava a natureza, seja para ensinar por meio de parábolas, seja para fazer anunciações proféticas.
Por exemplo, quando Jesus disse "Olhem para a figueira", Ele nos deu um sinal profético sobre Israel no contexto do fim dos tempos. Na parábola do semeador, Jesus usou a semente como metáfora para a palavra, e o solo representava o coração humano. Já na parábola do joio e do trigo, Ele ensinou que a Igreja sempre terá verdadeiros cristãos (o trigo) convivendo com cristãos nominais (o joio). Além disso, essa parábola traz uma anunciação profética sobre o juízo final, quando o Senhor retornará.
Essa volta de Jesus é nossa esperança. E os elementos da natureza que aparecem na vida desses homens apontam para aquilo que aguardamos do Senhor. Um exemplo é João 15, onde Jesus diz ser a videira verdadeira, nós somos os ramos, e o Pai é o agricultor. Se um ramo não dá frutos, é cortado e lançado fora.
No Velho Testamento, também vemos a natureza sendo usada para comunicar verdades espirituais. Isso faz parte da simplicidade do evangelho: ideias naturais comunicando ideias espirituais. Como Paulo disse: "Primeiro o natural, depois o espiritual." Pedro também afirmou que somos regenerados por uma semente incorruptível, a palavra viva de Deus.
No centro da queda, encontramos a árvore do conhecimento do bem e do mal, representando independência e queda. Mas também havia a árvore da vida, representando dependência e redenção. Em reuniões ministeriais, já discutimos como, após o pecado de Adão e Eva, Deus os impediu de permanecer no jardim e ter acesso à árvore da vida, por causa da corrupção trazida pelo pecado.
Se quiserem acompanhar, abram suas Bíblias em Gênesis 3, a partir do versículo 18. Veremos como o Senhor estabeleceu limites para o homem, mostrando Sua soberania e plano de redenção.
E aí, em um determinado ponto, vai dizer que vocês não podem mais continuar no jardim, porque, senão, vão tomar e comer da árvore da vida e viver eternamente. O Senhor expulsa o homem e a mulher do jardim e ainda coloca um anjo com uma espada flamejante à entrada do jardim, guardando-o e impedindo o seu acesso ao homem.
Só que essa história do acesso foi transformada e restaurada quando Jesus, depois de ter caminhado conosco, na Última Ceia, como vemos, por exemplo, no livro de Mateus, capítulo 26, a partir do verso 26. Quando Jesus, ao partir o pão e o vinho, chama os 12 discípulos e, através deles, nos chama também, dizendo: "Tomai e comei." Quem tomava e comia estava, em sentido espiritual, participando da árvore da vida, do pão da vida, bebendo da água da vida e, assim, vivendo eternamente.
Entendemos que, se lá atrás o caminho para a vida eterna foi fechado, agora, em Jesus, ele nos estende a mão e diz: "Toma, come e vive." Essa é a mensagem que a Palavra comunica aos nossos corações. E, se entendêssemos apenas isso, já poderíamos ir embora satisfeitos, porque temos acesso à vida de Deus que nos mantém vivos para a eternidade.
Mas eu penso que podemos explorar mais essa economia divina, onde Deus nos fornece o pão vivo. Ele comunica essas verdades de forma mais ampla, usando elementos que nos ajudam a solidificar esses ensinamentos em nossos corações. Esses fundamentos nos fortalecem na caminhada cristã.
Essa introdução nos leva a refletir sobre como a Bíblia, em diversos momentos, usa a fauna, a flora e as estações para comunicar verdades espirituais. Por exemplo, no Velho Testamento, vemos a árvore da vida no centro da narrativa da queda e redenção. Ela representa dependência de Deus, enquanto a árvore do conhecimento do bem e do mal simboliza a independência que levou à queda.
Em reuniões ministeriais, já comentamos sobre como, após o pecado, o Senhor declarou que Adão e Eva não poderiam mais permanecer no jardim. Gênesis capítulo 3 narra isso claramente. Quando lemos que Deus impediu o acesso à árvore da vida, vemos o peso do pecado e sua consequência. Mas, com a vinda de Cristo, recebemos de volta o acesso à vida eterna, representado no ato de "tomar e comer" na ceia.
Essa ideia de botânica divina, como chamo, nos convida a observar esses elementos nas Escrituras. Há também o exemplo de Apocalipse 22, que fala sobre a árvore da vida ao lado do rio da vida, cujas folhas são para a cura dos povos. Esses símbolos comunicam o plano redentor de Deus.
No entanto, muitas vezes, essas verdades profundas estão em livros evitados, como Jó, Eclesiastes e Jeremias. Talvez pela dificuldade ou pela densidade, muitos deixam de explorar as riquezas contidas nesses textos. Jeremias, por exemplo, enfrentou momentos difíceis, como ser jogado em uma cisterna, algo que ninguém deseja viver. Mas, como cristãos, enfrentamos tribulações e adversidades inevitáveis.
Na última vez que ministrei, falei sobre Tiago 1:2, que nos exorta a termos alegria em meio às provações, pois elas produzem perseverança. Foi refletindo sobre isso e lendo simultaneamente Jó, Eclesiastes, Jeremias e Oséias que percebi as semelhanças entre esses livros e os homens de Deus neles retratados. Cada um deles, em algum momento, foi consolado por elementos da botânica divina, que comunicaram verdades espirituais significativas.
Vamos então ler juntos alguns textos e explorar essas semelhanças. Começamos com Jó 14:7-9:"Porque há esperança para a árvore, pois mesmo cortada, ainda se renovará, e não cessarão os seus rebentos. Se envelhecer na terra sua raiz, e no chão morrer o seu tronco, ao cheiro das águas brotará e dará ramos como planta nova."
Essa imagem é poderosa. Vou comentar sobre ela ao longo da palavra. A cena me lembra de uma planta que vi crescendo no alto de um poste, aparentemente sem condições de sobrevivência, mas que resiste e floresce. Isso é um símbolo de esperança.
Outro texto está em Jeremias 1:11-12:"Veio a palavra do Senhor a mim, dizendo: O que vês, Jeremias? Respondi: Vejo uma vara de amendoeira. Disse-me o Senhor: Viste bem, porque eu velo sobre a minha palavra para a cumprir."
A amendoeira é uma planta peculiar. No Oriente Médio, ela é conhecida por florescer no final do inverno e início da primavera, um sinal de renovação e fidelidade. Exploraremos mais sobre isso adiante.
Oséias 14:4 também traz uma mensagem de esperança: "Curarei a sua infidelidade, eu de mim mesmo os amarei, porque a minha ira se apartou deles."
Essa palavra, dirigida às tribos do norte de Israel, aponta para o perdão e a restauração divina, representada pela botânica divina.
Isso vai fazer sentido para os irmãos daqui a pouco: "Serei para Israel como o orvalho, e ele florescerá como lírio e lançará suas raízes como o cedro do Líbano. Estender-se-ão os seus ramos, e o seu resplendor será como o da oliveira, e a sua fragrância como a do Líbano. Os que se assentam de novo à sua sombra voltarão, serão vivificados como cereal e florescerão como a vide. E sua fama será como a do vinho do Líbano." Amém.
E aí, o lírio do campo, um monte ao fundo, que na pesquisa que fiz dizem ser o Hermom. Mas eu acho que não, porque o Hermom tem neve no topo, e eu não estou vendo neve nesse monte. Ainda assim, não enxergo muita coisa de perto.
Vamos orar, já que os textos foram lidos. Então, baixe sua cabeça e feche os olhos.
Senhor, eis a Tua Palavra: enxertos dela, trechos dela, fragmentos dela a comunicar aos nossos corações as Tuas preciosas verdades espirituais. Que essas verdades possam inundar nossos corações e, como sementes, crescer dentro de nós. Que essas identidades da Tua botânica divina possam ser base, sustento, força. Que sejam em nós uma fonte para nos prender, para nos agarrar. Senhor, fala conosco. Opera nesse ambiente. Fala a partir de quem fala, e fala com aqueles que ouvem, para que essa Tua mesa posta diante de nós nos alimente. Que saiamos daqui hoje repletos da Tua vida. Essa é a nossa oração no nome de Jesus. Amém.
Bom, vamos para a explicação das semelhanças que há entre esses textos que, aparentemente, tirando o fato de ter uma plantinha ali, não têm nada a ver uns com os outros, né? Vamos tentar entender.
Quatro livros diferentes, quatro homens diferentes, marcados por vivências descritas nesses livros: sofrimento, perda, perplexidade. Suas vidas foram marcadas pela dor e pela falta de perspectiva, já que cada um tinha um ministério voltado para algo que significava o fim do tipo de vida que conheciam ou que o povo de Israel tinha naquele tempo.
De alguma forma, o sofrimento é o ponto de contato entre esses livros. Todavia, em todos eles há a plena certeza de que esses homens sabiam de onde viria o socorro. Como no Salmo que diz: "Elevo os meus olhos para os montes: de onde virá o socorro?" Eles sabiam de onde vinha o socorro.
Jó. Vamos começar por ele, correto? Jó era o homem sobre quem o próprio Deus dava testemunho em Sua conversa com Satanás. Irmãos, vocês devem se lembrar da narrativa introdutória dessa grande poesia que é o livro de Jó. Este é, de fato, o maior poema da Bíblia, com dois capítulos narrativos no início e dois no final, sendo o restante uma vasta poesia.
No início, Deus vira para Satanás, que vinha de rodear a Terra, e pergunta: "Observaste o meu servo Jó? Não há ninguém como ele na Terra." Deus descreve Jó com quatro virtudes: íntegro, reto, temente a Deus e que se desviava do mal.
Agora, pergunto: será que Deus pode dar de nós esse testemunho?
Esse era Jó. No entanto, depois de tudo o que lhe aconteceu, vemos emergir um conflito: pode o justo sofrer? É possível que quem vive com retidão enfrente tribulação?
Boa parte do livro trata dessas questões. Nos capítulos 29 a 31, Jó explora sua auto-glorificação, auto-justificação e até auto-piedade. Em alguns momentos, Jó parece argumentar em favor de sua própria justiça, um reflexo de algo que muitas vezes fazemos: tentamos nos justificar diante de Deus, acreditando que nossas boas ações nos isentam do sofrimento.
No entanto, no final do livro, quando Deus fala com Jó no redemoinho, Jó faz a grande descoberta de sua vida: "Eu te conhecia só de ouvir falar, mas agora os meus olhos te veem." Foi necessário passar por todo aquele sofrimento para conhecer a Deus em profundidade e intimidade.
Quando Jó perdeu tudo — filhos, bens, saúde — e só restaram sua esposa e um servo para contar a tragédia, ele declarou: "O Senhor deu, o Senhor tirou. Bendito seja o nome do Senhor."
Lembro-me de quando perdi minha mãe, durante a pandemia. Havíamos recebido a notícia de que ela estava melhor e sairia da UTI naquele dia. No entanto, à tarde, veio a ligação da minha irmã: "Nossa mãe faleceu."
Naquele momento, a primeira coisa que Deus trouxe ao meu coração foi a mesma declaração de Jó: "O Senhor deu, o Senhor tirou. Bendito seja o nome do Senhor."
Irmãos, que essas lições permaneçam guardadas no nosso coração. Quando a adversidade vier, lembremos dessas verdades para sustentar nossa fé.
No trecho em que Jó fala da árvore cortada, vemos a consciência dele sobre a dinâmica da restauração que Deus pode realizar na natureza. Ele menciona que, mesmo uma árvore cortada, ao sentir o cheiro das águas, pode brotar novamente. Certa vez, recebi uma bronca em casa. Pedi ao jardineiro para cortar uma cerca viva que separa minha casa da do meu sogro. Quem já esteve lá sabe que essa cerca bloqueia completamente a visão entre as casas. Porém, após o corte, ficou tudo exposto, a ponto de vermos roupas no varal. Meu sogro, ao perceber minha preocupação, disse: "Não se preocupe, nas primeiras chuvas, tudo voltará a brotar." Eu não acreditava, mas, de fato, brotou, e hoje, mal dá para ver o outro lado. Isso é o poder de Deus: fazer brotar a vida.
Mostrei uma vez a imagem de uma árvore crescendo sobre um poste. Fiquei tão admirado quanto Jó deve ter ficado ao observar uma árvore renascer. Quem planta eucaliptos sabe que, após cortar o tronco, dali podem surgir duas ou três mudas. Escolhe-se a mais promissora, e ela cresce. Deus faz algo semelhante conosco: mesmo cortados, Ele pode nos renovar e nos dar um novo propósito. Ele tem o poder de fazer brotar vida onde parecia não haver esperança.
Jó, mesmo diante do desalento, percebeu a restauração de Deus na natureza. Mas, em Jó 19:25, ele dá um salto de esperança e diz: "Eu sei que o meu Redentor vive e que, por fim, se levantará sobre a terra." Essa é uma visão profética que aponta para Cristo. A declaração de Jó, "Os meus olhos o verão, e não os de outro", carrega a certeza de que Deus é nossa esperança final. Apesar das dificuldades, vivemos com a expectativa desse dia em que o Senhor enxugará toda lágrima e trará restauração plena.
Agora, passando para Jeremias, sua história também reflete o sofrimento e a esperança. Jeremias foi chamado por Deus para anunciar o fim do templo e o cativeiro iminente. Para um sacerdote, isso era como perder sua própria função. Era como um padeiro ver o pão ser proibido. Deus, ao chamá-lo, mostrou uma visão: uma vara de amendoeira. Essa árvore, mesmo no rigor do inverno, florescia antes das outras, sinalizando que a primavera estava próxima. A palavra hebraica para amendoeira, "shoked", significa vigilante, ou aquele que permanece firme. Essa visão era um sinal de esperança para Jeremias e para o povo, de que, mesmo no meio do inverno mais rigoroso, Deus traria renovação e vida.
Assim como Jó viu a árvore cortada brotar e Jeremias contemplou a amendoeira florescendo, somos chamados a confiar no Senhor, que renova e restaura. A promessa divina permanece: haverá um dia em que tudo será plenamente restaurado, e essa é a nossa maior esperança.
Acho que, quando Jeremias foi lançado na cisterna, o que manteve ele vivo foi essa vigilância pela palavra do Senhor: "Vai voltar, vai florescer, vai brotar." Quando Jeremias está aparentemente no monte, vendo Jerusalém queimar e escreve Lamentações de Jeremias, começando no capítulo 1, há um gemido profundo, como ele diz: "Eu sabia...".
Essa perplexidade, misturada à vigilância, revela os olhos fitos na promessa de Deus.
Não sei se os irmãos entenderam, mas o que vocês precisam compreender é que a nossa missão não é diferente da de Jeremias. O mundo, como o conhecemos hoje, vai acabar, e nossa missão, enquanto crentes, é alertar os outros de que os confortos que temos agora não estarão mais aqui em breve. Aqueles que vivem para si mesmos, como na parábola de Jesus, podem ouvir: "Louco, esta noite te pedirão a tua alma. E o que tens preparado?"
Essa é a nossa missão: vivermos como Jeremias viveu, à beira de um novo tempo. Viver como crente é entender que nada do que vemos hoje permanecerá, pois nossa pátria não é aqui. Talvez você, assim como Jeremias, esteja enfrentando desafios ou sentindo-se deslocado neste mundo. Isso acontece porque você pertence a outro lugar, um lugar celestial.
Há uma música do Rodolfo Abrantes que diz: "No filme que ainda ninguém viu, o fim é bom." Nós sabemos disso! O fim desse filme é bom, mas ele é bom apenas para aqueles que vivem seus dias lutando em guerras e fazendo a vontade do Pai. Como diz outra música do Koinonia: "Virá para reinar com aqueles que viveram em guerras e gastaram seus dias fazendo em tudo a vontade de Deus."
No livro de Eclesiastes, considerado um dos mais difíceis do Antigo Testamento, Salomão começa dizendo: "Tudo é vaidade." Para muitos, isso soa desanimador, principalmente vindo do homem mais sábio que já existiu. Ele declara: "Não há nada novo debaixo do sol." Em algumas traduções, ele afirma que "nada serve para nada."
Lendo Eclesiastes, percebemos que Salomão, o homem que teve tudo, não negou nada aos seus olhos e experimentou tudo o que desejou, concluiu que tudo isso era vaidade, como bolhas de sabão. Essas bolhas, tão bonitas e efêmeras, representam a fragilidade e a futilidade das coisas deste mundo.
De forma semelhante a Jó e Jeremias, Salomão reconheceu que tudo se desfaz. No entanto, no final de Eclesiastes, há um vislumbre de esperança. Ele aponta para o encontro do coração humano com Deus, para o destino eterno que nos espera.
Assim, quando o inverno desta era chegar ao fim e nosso Redentor se levantar, como Jó profetizou, e quando a vigilante amendoeira de Jeremias brotar, nós seremos consolados. Seremos restaurados à plena comunhão com Deus, nosso Criador, e finalmente entenderemos o significado de tudo aquilo que, sob este céu, parecia ser apenas vaidade.
E aí é interessante que o livro, pelo menos para mim, fez sentido. Isso se chama filtro solar, porque debaixo desse céu, debaixo desse sol que nos queima, nos fustiga, o sol do mundo faz tanto mal para a vida do crente. Eu preciso usar filtro solar para não ser queimado. Eu preciso desse filtro da palavra, que na minha vida me direciona não para aquilo que o mundo quer que eu tenha, mas para aquilo que o Senhor diz que eu preciso ter.
E o que o Senhor diz que eu preciso ter? É entender que, quando eu estiver indo para esse lar eterno... De alguma forma, se o Senhor não voltar antes, todos nós iremos. Lá é o fim real de todas as coisas.
É lá o lugar da nossa expectativa, ainda que o lar venha a ser daqui um dia. Eu já falei isso para os irmãos. Eu não sei por que o Senhor não quer que lá seja lá; Ele quer fazer do lar o aqui. Entenderam o que eu quis dizer? Esse de lá. Amém. Isso não fica parecendo conversa de uma ex-presidente da República?
O lar do Senhor vai ser aqui conosco para sempre. Amém.
Por fim, Oséias. Oséias, assim como Jeremias, foi chamado para profetizar no fim da existência do povo para o qual exercia seu ministério. Ele representava e profetizava para aquelas dez tribos que ficaram no norte. Seu ministério foi marcado pelo momento que antecedeu a destruição das dez tribos do norte pelos exércitos da Assíria.
Ele foi chamado para fazer o povo se converter, e no centro de sua mensagem havia juízo, castigo, encerramento. De alguma forma, ele foi empurrado pelo Senhor para sentir o que Ele sente, ao mandar que se casasse com uma mulher prostituta, Gômer. Quando você lê o texto, está escrito: "Case-se com a prostituta Gômer e tenha com ela filhos de prostituição." De alguma forma, esse é o sentimento do Senhor ao chamar para si uma igreja que vive traindo-o.
Entendem o tamanho da novela que é a vida de Oséias para o Senhor? Esse foi o chamado dele. E o meu tempo está acabando. Preciso correr. Outro dia houve uma ministração em que o pastor dizia que a igreja de hoje não está preparada para sermões longos. E é verdade. Ainda que tentemos pregar por minutos limitados, como aquele rapaz que dormiu enquanto Paulo pregava por horas, vamos em frente.
Deus anunciou para Oséias que toda essa triste história que ele encena – que também é a nossa história – vai ter um fim. Nesse momento, Deus fala dessa incrível planta. Só que é uma planta diferente. Ele vai ser para Israel como o orvalho. E vai fazer com que Israel, e você se coloque no lugar de Israel, seja como esse lírio, que floresce e lança suas raízes como as do cedro do Líbano.
Essa plantinha, toda delicada, simples, sobrevive sem chuva, apenas com o orvalho. Dizem que a perfeição está na simplicidade. E essa simplicidade, até efemeridade, está presente na vida do lírio, que hoje existe e amanhã é lançado ao fogo. Mas em Oséias, esse lírio é híbrido. Ele tem raízes como o cedro do Líbano. Uma árvore que permanece verde, com raízes profundas que abraçam a rocha, como deveríamos fazer com o Senhor, nossa rocha.
Mais interessante ainda é que, quando você olha para uma muda de cedro, com 5 a 10 centímetros de altura, suas raízes já têm até um metro e meio de profundidade. Para crescer e chegar aos 40 metros, precisa de raízes profundas desde cedo. Esse é o ponto: para crescer espiritualmente, precisamos dessa base.
Essa planta representa o que Deus quer fazer com Israel e conosco. Aquilo que as pessoas veem deve ser belo, mas simples, porque somos efêmeros. Nossos templos deveriam ser simples, pois a beleza está na simplicidade daquele que não tinha aparência ou formosura, mas nos trouxe cura.
Nossas vidas, como as desses homens e os elementos da botânica divina, devem comunicar verdades espirituais. Porém, somos mais privilegiados. Sabemos o final da história. Jeremias viu Jerusalém destruída, mas não a viu reconstruída. Nós vimos.
Nossa esperança não está nas coisas efêmeras. Está n'Aquele que diz: "Toma e come e viva para sempre." Amém. Que o Senhor nos abençoe e fale aos nossos corações todos os dias, no nome de Jesus.
Mensagem ministrada na Comunidade de Cristão Betesda na manhã de domingo em 24 de novembro de 2024 por Wilson Gamboge
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